Posso fazer treino full body todos os dias e ter resultados de força e hipertrofia
Um estudo de Zaroni et al 2018 teve como objetivo avaliar as adaptações neuromusculares em homens treinados numa rotina de treino, em que treinam um grupo muscular por dia nos 5 dias da semana (ABCDE) Versus uma rotina de treino onde treinam todos os grupos musculares nos 5 dias de treino (Full Body).
O resultado do estudo foi que os homens que treinaram full body tiveram em 8 semanas um aumento de 29% da hipertrofia e 27% de força, enquanto que no treino ABCDE o aumento de hipertrofia foi de 15% e de força 17%.
Uma das explicações para esta diferença de resultados foi que como o grupo de full body estava menos fatigado ao longo dos dias, então tinha mais capacidade no treino seguinte. É um treino onde é necessário saber gerir bem as cargas de forma a fatigar “corretamente” o musculo para precisar de uma semana inteira para recuperar
O presente estudo demonstrou que é possível treinar o mesmo músculo todos dias em treinos com o objetivo de força e hipertrofia.
Na minha opinião, é mais importante a qualidade do treino e da execução dos exercícios, do que a própria sequência do treino. Deve sempre treinar respeitando a individualidade e, de preferência, com a supervisão de um profissional credenciado.
Informações adicionais:
Treino Full Body treina todos os grupos musculares no mesmo dia, na segunda, quarta e sexta, mas com menos volume. São gerados mais estímulos e aumento de cargas para todos os músculos crescerem e só usa os melhores exercícios compostos a cada treino, aprimorando a sua técnica e aprendizagem motora, devido à frequência – O ideal para iniciantes
Treino ABCDE – dar atenção máxima a um único músculo por dia, focando todas as suas atenções nesse músculo com o aumento de exercícios e séries – como só treina o mesmo músculo novamente na próxima semana, terá tempo para a recuperação. É necessário saber gerir bem as cargas de forma a fatigar “corretamente” o musculo para precisar de uma semana inteira para recuperar.
As crianças precisam de ser mais ativas e precisam de “TREINAR FORÇA”
Um estudo de Faigenbaum et al. (2023) ressalva que todas as crianças e adolescentes devem fazer exercícios de força, referindo que crianças fracas tendem a gerar adultos fracos sendo que isso terá graves repercussões na saúde e qualidade de vida.
Tendo em conta que hoje em dia as crianças são cada vez menos ativas comparando com há 2 décadas quando facilmente “nós” subíamos árvores, saltávamos, escalávamos paredes, pulávamos muros, etc.. esta temática do exercício físico nas crianças, em especial o treino de força, está cada vez mais em voga.
O estudo enfatiza a necessidade de uma abordagem holística e multidisciplinar para promover o desenvolvimento da força em jovens, reconhecendo a importância de fatores como nutrição, sono, atividade física, ambiente familiar e apoio social. O estudo aborda estratégias práticas para promover a atividade física e o treino de força entre as crianças, incluindo a criação de ambientes favoráveis, programas de educação física escolar e intervenções baseadas na comunidade.
No âmbito individual as estratégias seriam a exposição das crianças às atividades de força em idade precoce com brincadeiras que envolvessem escalar, pendurar, puxar, empurrar, etc. No campo interpessoal seria importante informar os familiares sobre os benefícios e segurança das atividades de força, inclusive estimulando-os a envolverem-se junto com as crianças. No campo organizacional, as escolas deveriam repensar as aulas de Educação Física, incluindo componentes de força. Na comunidade, seria necessário criar espaços e estruturas amigáveis, com playgrounds e ter profissionais capacitados a dar orientações e fazer acompanhamento, tanto na Saúde quanto na Educação. Por fim, as políticas, com promoção e reconhecimento à participação em atividades de fortalecimento muscular, como já foi feito, com sucesso, em alguns Países
Em resumo, o estudo destaca a importância de uma abordagem socio ecológica para promover o desenvolvimento da força em crianças e adolescentes. Ele fornece insights e recomendações para profissionais da saúde, educadores e formuladores de políticas, interessados em promover a saúde e o bem-estar das crianças através da atividade física e do treino de força.
Pausas de Natal em equipas de desportos coletivos. Parar ou Treinar
Um estudo de Martin Buchheit, publicado Int J Sports Physiol Perform 2015 teve como objetivo quantificar os efeitos fisiológicos, psicométricos e de performance de uma pausa de Natal de 2 semanas num clube profissional da Australian Football League.
Foram realizados testes fisiológicos, psicométricos e de performance nas semanas anteriores e posteriores ao intervalo.
Os resultados mostram que os jogadores regressaram de uma pausa de 2 semanas durante o Natal bem recuperados, preservando os níveis de força e aptidão cardiorrespiratória, apesar de pequenos aumentos na espessura das dobras cutâneas.
Conclusões e implicações práticas
Um intervalo de 2 semanas, provavelmente, permite que os jogadores se recuperem da fase anterior de treino intenso, sem nenhum efeito prejudicial na massa livre de gordura e no desempenho físico. O ligeiro aumento na espessura das dobras cutâneas é provavelmente corrigido após algumas semanas de treino, o que sugere que os resultados globais da pausa são muito positivos.
O Treino de Força nos Desportos Coletivos
A Força (do ponto de vista fisiológico) é a capacidade que o músculo tem de produzir tensão ao ativar-se. Treino de força (F) adequado é capaz de reduzir as lesões desportivas em um terço e em 50% as lesões de overuse (desgaste).
Os atletas necessitam de:
- Um desenvolvimento muscular equilibrado para resistir às agressões provocadas essencialmente pela grande repetitividade das ações técnicas.
- Qualidade na manifestação da força dinâmica.
- Conservar um rendimento elevado durante todo o jogo.
Para tal podemos usar o treino de força em dois tipos de situações:
- Para prevenção de lesões através de um treino de força geral ou “complementar”;
- Específico das necessidades da modalidade, através de um treino de força específico;
Nos desportos coletivos de pavilhão as travagens bruscas e as rápidas mudanças de direção são uma constante no jogo portanto, as acelerações para aumentar a sua eficácia são importantes níveis de FORÇA GERAL E POTÊNCIA.
Alguns Aspetos a ter em conta no treino da FORÇA:
- Fazer o treino de força em dias diferentes dos de resistência produz um maior incremento da força voluntária das pernas, em comparação com o treino de ambas as capacidades no mesmo dia numa só sessão.
- O treino simultâneo de força e resistência aeróbica prejudica o ganho de força. Uma injustificada intensificação do trabalho aeróbico interfere com o desenvolvimento da força em mais de 20%, particularmente quando a força é medida a altas velocidades.
- O treino complementar de Força (fora dos dias de treino) é um elemento de prevenção entre outros. Necessita de uma orientação individualizada e uma coordenação com o departamento de condição física. Deve ser aplicado permanentemente (carreira desportiva, plano anual, ciclo de treino) porque é prioritário.
- Se querem adaptar o treino de força às necessidades de um desporto específico devem-se focar mais no trabalho de força geral e potÊncia, do que no treino hipertrofia.
- Recomendo o uso de exercícios básicos isolados quando o objetivo principal é melhorar a ativação muscular e a hipertrofia, após ser atingida a hipertrofia inicial adequada e usar mais os exercícios integrados.
- Podemos e devemos fazer trabalho de força fora do contexto treino, mas é essencial potencia-la e trabalha-la no treino integrado
O trabalho de força é importante e essencial nos desportos coletivos, seja na prevenção de lesões seja para desenvolver e potenciar capacidades motoras da modalidade em causa, necessita de uma orientação individualizada e uma coordenação com o departamento de condição física. Deve ser aplicado permanentemente (carreira desportiva, plano anual, ciclo de treino) porque é prioritário
Treino Resistência VS Treino Força
Resistência e Força podem ser desenvolvidas simultaneamente em atletas de elite?
Muito poucos desportos usam apenas resistência ou força. Praticamente todos os desportos requerem alguma combinação de resistência e força. Resistência e força podem ser desenvolvidas simultaneamente até certo ponto, porém, o desenvolvimento de um alto nível de resistência parece impedir o desenvolvimento ou a manutenção da força de massa muscular.
Essa interação entre resistência e força é chamada “concurrent training effect” (efeito do treino concorrente. Esta estudo de Keith Baar Sports Med. 2014 propõe estratégias para maximizar a força e a resistência no atleta de alto nível:
- Todas as sessões de treino de resistência de alta intensidade devem ser realizadas no início do dia. Um período de recuperação das últimas 3 horas deve ser dado antes que o exercício de resistência seja realizado para limitar a interferência molecular ao nível do músculo;
- O exercício de resistência deve ser apoiado por proteínas ricas em leucina, prontamente digeridas, o mais rápido possível após o treino para maximizar a síntese de proteína muscular (proteínas do soro).
- Como os exercícios de resistência são realizados no final do dia, torna-se ainda mais importante consumir proteínas imediatamente antes de dormir para maximizar a resposta sintética durante a noite.
- Reabasteça-se totalmente entre a sessão matinal de treino de resistência de alta intensidade e a sessão de resistência à tarde.
- Considere realizar o treino de força imediatamente após sessões de resistência de baixa intensidade e não esgotantes. Realizar uma sessão de força imediatamente após uma sessão de endurance de baixa intensidade resulta em um maior estímulo para a adaptação de endurance do que a sessão de endurance de baixa intensidade sozinha.
A força e a resistência podem ser desenvolvidas em atletas de alta competição, mas é preciso ter muito cuidado com o planeamento dos treinos e com as estratégias de recuperação.
Bons treinos e, para tal, lembre-se que deve sempre treinar respeitando a individualidade e, de preferência, com a supervisão de um profissional credenciado.