Os Desafios da Perda de Peso Rápida: Vantagens ou desvantagens

O estudo conduzido por Isola et al. (2023) deixou dúvidas no ar sobre os efeitos da perda de peso rápida em competidores naturais de fitness e fisiculturismo. O acompanhamento desses atletas ao longo de 46 semanas, divididas em 23 semanas de perda de peso e 23 semanas de recuperação, ofereceu insights importantes sobre as estratégias nutricionais e os efeitos no corpo.

Homens e mulheres reduziram significativamente a ingestão calórica, cortando aproximadamente 34% e 38% das calorias que costumavam consumir. A ênfase foi dada à redução de carboidratos e proteínas. Paralelamente, o treino de musculação permaneceu constante, enquanto os exercícios aeróbicos aumentaram mais de 100%.

Os resultados em relação à composição corporal foram impressionantes. A percentagem de gordura caiu de maneira expressiva, de 15,7% para 5,6% nos homens e de 26,1% para 12,6% nas mulheres. No entanto, uma descoberta preocupante foi a perda de massa muscular, que superou os 10% em alguns casos.

Além disso, o estudo revelou um cenário menos otimista. A perda de peso rápida levou a uma redução no metabolismo de repouso, mesmo após ajuste pela massa magra. Essa diminuição foi acompanhada pela queda nos níveis de hormônio da tireoide e leptina (responsável pela saciedade), bem como pelo aumento da grelina (hormônio que estimula o apetite). Esses indicadores sugerem uma resposta negativa do corpo à perda de peso extrema.

Estas descobertas destacam a importância de abordagens de perda de peso mais sustentáveis e cuidadosas. A pressa em emagrecer pode trazer resultados visíveis no curto prazo, mas os efeitos adversos na saúde metabólica e a associação com mortalidade elevada demonstram que essa abordagem não é viável a longo prazo.

A mensagem que fica é a necessidade de priorizar mudanças comportamentais duradouras que respeitem a saúde e o equilíbrio do metabolismo. A procura pelo corpo desejado deve ser conduzida com sabedoria, cuidado e em consonância com as necessidades individuais.

Diferença entre Emagrecer e Perder Peso: Desvendando os Mitos

No contexto da procura incessante por um corpo saudável e esteticamente atraente, os termos “emagrecer” e “perder peso” são frequentemente utilizados de forma menos correta. No entanto, é crucial compreender que esses conceitos não são sinônimos, e entender as suas diferenças pode ter um impacto significativo em como abordamos os nossos objetivos de saúde e bem-estar.

Perder Peso: Além da Balança

“Perder peso” é frequentemente associado à redução do número exibido na balança. No entanto, essa abordagem simplista não considera a composição corporal. Quando alguém perde peso, pode estar eliminando não apenas gordura, mas também massa muscular e água. Isso pode resultar numa aparência magra, mas não necessariamente saudável.

Emagrecer: Priorizando a Saúde

Por outro lado, “emagrecer” envolve uma abordagem mais abrangente. Trata-se de reduzir a gordura corporal enquanto mantém ou até aumenta a massa muscular. Isso não apenas melhora a estética, mas também promove a saúde. Emagrecer envolve a adoção de hábitos saudáveis, incluindo uma dieta balanceada e a prática regular de atividade física e exercício físico.

Composição Corporal Importa

A diferença entre emagrecer e perder peso reside na composição corporal. Emagrecer concentra-se na redução da gordura corporal, preservando a massa muscular, enquanto perder peso pode resultar em perda de massa magra e hidratação, o que não é saudável a longo prazo.

Definindo Objetivos Realistas

Compreender essa distinção é fundamental para definir objetivos realistas. Focar apenas na perda de peso pode levar a escolhas doentias, como dietas extremas e restrições calóricas excessivas. Em contraste, a abordagem de emagrecimento promove um estilo de vida sustentável, saudável e equilibrado.

O Caminho a Seguir

Ao embarcar numa jornada de saúde e bem-estar, é importante considerar tanto a quantidade quanto a qualidade do peso que está sendo perdido. Em vez de se concentrar exclusivamente nos números da balança, direcione seus esforços para melhorar a composição corporal, construindo músculos e reduzindo a gordura. Consultar profissionais de saúde, como nutricionistas e personal trainers, pode ajudar a elaborar um plano personalizado para atingir os seus objetivos de emagrecimento de maneira saudável e sustentável. Lembre-se de que a verdadeira vitória está na procura de um corpo saudável e forte, e não numa mera procura pelo peso mais baixo.

O ALARMANTE CENÁRIO DO EXCESSO DE PESO E OBESIDADE EM PORTUGAL

O cenário do excesso de peso e obesidade em Portugal é alarmante, refletindo preocupações crescentes com a saúde pública. De acordo com o Relatório da Obesidade da Região Europeia da Organização Mundial da Saúde de 2022, mais de metade da população portuguesa enfrenta desafios relacionados com o peso.

Os números revelam uma realidade inquietante: 57,5% dos portugueses apresentam excesso de peso. A questão é mais premente entre os homens, com 63,1% acima do peso, enquanto 52% das mulheres enfrentam a mesma situação. A obesidade também é um problema crescente, atingindo 20,8% da população total. Essa preocupação é igualmente dividida entre os sexos, com 20,3% dos homens e 21,2% das mulheres vivendo com obesidade.

As crianças não escapam desse quadro, pois os dados revelam que aproximadamente uma em cada três crianças possui excesso de peso ou obesidade. A situação é ainda mais alarmante, com mais de 10% das crianças enfrentando obesidade.

Esses números ressaltam a necessidade urgente de ações efetivas para combater o excesso de peso e a obesidade em Portugal. As implicações para a saúde são amplas e incluem um aumento do risco de doenças crónicas, como diabetes, doenças cardíacas e hipertensão.

É essencial abordar essa questão com abrangência, implementando políticas de saúde pública que promovam a educação sobre nutrição e incentivos para a atividade física. A conscientização é crucial, tanto entre adultos quanto entre as crianças, para construir hábitos de vida saudáveis desde cedo.

Enfrentar o desafio do excesso de peso exige um esforço conjunto de governos, profissionais de saúde, comunidades e indivíduos. Com estratégias eficazes, é possível reverter essa tendência e promover uma população mais saudável e resiliente. Ações enérgicas são necessárias agora para garantir um futuro com menos problemas de saúde relacionados com o excesso de peso e com a obesidade em Portugal.

Treino Para Perder Peso

Será o treino Aeróbio o indicado para perder peso?

Um estudo de Susanne Ring-Dimitriou, et, al (2007) investigou o efeito de nove meses de treino aeróbio em adultos não treinados, em que o objetivo era fazer uma maratona.

Os resultados demonstraram que os adultos que realizaram o treino aeróbio aumentaram o seu VO2pico de 24% em relação ao grupo de controle. Todos os adultos conseguiram realizar a maratona (42.195 km), mas nenhum perdeu peso.

Ou seja, um treino aeróbio não tem efeitos aparentes na perda de peso.

Melhor Tipo de Treino Para Perder Peso

Será o Exercício Físico semanal essencial para a redução do Sobrepeso e da Obesidade na População?

As diretrizes nacionais alemãs de atividade física especificam que adultos (≥18 anos) devem praticar pelo menos: (i) 150 min de atividade física aeróbica de intensidade moderada a vigorosa/semana (AFMV); e (ii) exercício de fortalecimento muscular (EMM) 2 dias/semana.

Nesse sentido, um estudo de Tittlbach et al. (2021) avaliou dados de 22.822 adultos para tentar comprovar se essas diretrizes estavam associadas a uma menor prevalência de sobrepeso/obesidade.

O estudo verificou que fazer pelo menos 150min de exercício aeróbio e 2x por semana de musculação reduz em 27% o risco de ter sobrepeso, 58% o risco de ter obesidade e 75% de risco de ter obesidade grau II (IMC > 35).

O cumprimento da diretriz combinada AFMV-EMM, conforme sugerido nas recomendações nacionais de atividade física alemã, mostrou a menor prevalência de sobrepeso/obesidade. A promoção da adesão e a aceitação da AFMV e EMM no nível da população pode ajudar a reduzir a carga de saúde pública da obesidade.

Ou seja, este estudo comprova que ter uma rotina semanal de exercício físico reduz o risco de obesidade e melhora a saúde da população.

Se ainda não iniciou essa rotina, está na altura de iniciar e relembro que deve sempre treinar respeitando a individualidade e, de preferência, com a supervisão de um profissional credenciado.

Bons Treinos

Sabia que que o risco causado pela obesidade, não diminui se você fizer exercício físico.

De acordo com um estudo, publicado no International Journal of Epidemiologypessoas magras e inativas correm um risco 30% menor de morrer do que as ativas, mas que estão acima do peso.

O estudo indica que fazer exercício regularmente não reduz o risco de morte precoce causado pelo excesso de peso.

Peter Nordstrom, professor da Universidade de Umea, na Suécia, e principal autor do estudo disse que “os resultados sugerem que ser magro – índice de massa corporal (IMC) entre 18,5 e 24,99 – no início da vida é mais importante do que a alta aptidão física, em relação à redução do risco de morte prematura”.

Fazer exercício ainda traz muitos benefícios para as pessoas obesas, mas não compensa o risco de mortalidade. Por isso, é melhor ser magro e sedentário do que estar acima do peso e ativo.

Texto de João Martins

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